Postagens

Porque sentimos cíumes?

Ao meditar alguns instantes sobre a causa do sentimento talvez mais remoto e ilógico que um ser vivo possa vir a ter, começo a olhar os dons que a natureza cultivaram nos nossos hábitos e essência, pois, se não ela, quem mais poderia deleitar-se de proveito nos sentimentos que o ciúme traz consigo? Vejo, numa visão cientificista e lógica, a sustentação e domínio como explicações de tal estado, uma vez que a liderança e a bravura são opostos da fraqueza e da morbidade. Somente os fracos podem vir a sofrer com a desilusão que é a sua substituição por um outro qualquer que consiga suprir demandas que ele não conseguira, e é então o extinto animal que guia nossa alma a sempre manter dúvidas e incerteza quanto a fidelidade dos que nos cercam, mesmo que em nada os fatos reais colaborem para tais pensamentos. Seria então a causa natural das coisas a única explicação? Suponho que não, pois se então assim o fosse, de que atributos nossa alma estaria encarregada senão o de conciliar o corpo co

30.06.2019

Me encontro pensando na dificuldade que é para o homem diferenciar aquilo que é real daquilo que não é real. Por vezes as memórias de um passado mais reconfortante me atormentam como que fantasmas insalubres que cospem na minha jaz cova que em sepulto me deito. O arrastar dos dias se assemelha ao caminhar lento e vagaroso dos que vagueiam ao anoitecer de uma cidade turbulenta. Breves passos melancólicos e inexpressivos em meio ao caos que é o progresso cintilante da fagulha acessa da prosperidade humana. Agora, como uma poeira fria de fim de tarde que assola o teto dos que ainda olham para o céu, sinto curvar diante mim o turvo e mórbido gosto do futuro incerto. O barulho dos corvos e os dentes afiados dos lobos que devoram suas presas até os ossos são a mais pura imagem da carnificina que restou perante aquilo que um dia pode ser chamado de civilização. Mas ainda que eu tente me agarrar aos padrões que outrora guiavam a locomotiva dessa estrada sem fim, no final dos dias, ao receber